terça-feira, 30 de junho de 2009


Ah! Quanta hipocrisia nos cerca o dia a dia
Que traz da noite a indiferença da tarde vazia
Os choros calados saltando das janelas dos prédios
Centralizadamente iguais
Os fios dos telefones asfixiam corações
Atrofiados e doentes
A alegria torna-se a alergia de muitos

O corre-corre, o grande propulsor da vida
Que cotidianamente mente
Que foge de si, de dó e até de ré
Anda em círculos e triângulos
Viciosos, tendenciosos demais para perguntar
Qualquer informação aqui é atentado
E aqui ninguém quer atenção

A tensão aqui é por dinheiro
Foge-se das férias e se reza pela hora extra
A hora extra da morte é a extrema unção
Se quem fica parado é poste
Quem se mexe é cachorro
Quem será que leva sua própria sacolinha?

Pula choro, pula!
Antes morrer sozinho do que habitar olhos que não veem o mundo
O coração morreu de tédio num domingo
Só porque segunda era feriado.

domingo, 31 de maio de 2009

Estranho, o conhecido destino


Ia caminhando sozinha pela velha estrada de terra
Carregando comigo muitas bagagens
Levava meus objetos de metal que arrastavam pelo chão e ao longo do caminho batiam em pedrinhas que atravessavam meu caminho
Em todo aquele caminho só se podia ouvir aquele pequeno e onipresente barulho
O sol que escaldava minha testa e cerrava de quando em quando meus olhos não era barrado por árvore alguma
Ninguém intencionava produzir sua sombra e naquele dia ninguém o fez
Meus pés, cansados das pegadas, arrastavam-se pela terra seca que se seguia em frente
E sem olhar pra trás eu seguia
Ao longe eu vi outro viajante do tempo
Ele percorria a mesma estrada do lado oposto do meu
Seus cabelos voavam com um vento que eu não sentia
E ao invés de olhos cerrados pelo sol ele trazia um largo sorriso nos lábios
Eu, que a muito caminhava na mesma direção buscando algo que nem ao menos sabia
Ao passar pelo viajante senti aquele vazio da viagem se dissipar
Foi como se o meu sol esfriasse com todo aquele vento que ele trazia
E pude então sentir a paz
Quis juntar-me a ele e ele apenas sorria
Era uma escolha minha
Podia seguir em frente, sem olhar para trás, sem saber o que perderia o que deixaria pelo caminho, ou deveria voltar. Eu teria que regressar até o verdadeiro início da minha jornada para poder segui-lo. Que grande ensinamento esse viajante teria para me transmitir para que me fizesse olhar pra trás e começar do ponto de partida?Aqui estou eu, de mãos dadas com o viajante. Hoje interpretamos nossos verdadeiros papéis e caminhamos na mesma direção. O viajante era o meu próprio destino, que eu insistia em negar. O impressionante é que mesmo depois de eu ter desistido dele, quando cruzou novamente comigo na estrada da vida, ele simplesmente sorriu!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Paixão...uma imposição de si mesmo


Existe um lado obscuro em nós mesmos, que nos causa um medo impressionante de ouvir. Não percebemos com muita clareza a distinção da verdade e da loucura. Isso acontece quando nos deixamos guiar pelas paixões, pois há uma linha tênue entre a paixão e o amor. O amor não maltrata, não machuca; nem a você, nem a outro alguém. A paixão avassala, atropela e não pede licença; nem a você e nem a outro alguém. A paixão é um sentimento visceral. É a fera dominando o seu entendimento das questões que você mesmo se pergunta. A paixão é o descontrole de si mesmo e, por vezes, o controle indiscreto e inconsciente do outro.

É como perder-se em si mesmo, em meio às confusões de pensamentos, do querer e do não querer. É desobedecer a suas próprias regras e transgredir planos já elaborados, que às vezes não tem valor algum para a outra pessoa. Ela te admira e te deseja, mas não te compreende. Na maioria das vezes tampouco você consegue essa proeza, pois age ao contrário do que previa e importa-se com coisas intimistas demais para a realidade. Você compra uma entrada sem volta, para um caminho que nem sabe se quer permanecer.

O amor é diferente. O amor é escolha. O amor brota do seu melhor e leva você pelos melhores caminhos e não precisa considerar a saída, porque ele está em você e você nele. São um só, mesmo que distantes. Um só coração a pulsar a saudade que não aperta que não sufoca que não precisa. Quem ama não sofre, se alegra. Quem ama não espera, pois que nunca foi deixado. Quem ama não chora a dor de amar o ser amado.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A velha janela da vida

Todos os dias quando acordo, olho por aquela velha janela, que expõe o também o velho mundo.
Olho ao meu redor, só coisas velhas:
Minha cama é velha, com cobertas velhas que denotam o quão velha é a minha vida.
Minhas persianas de madeira velha, com cortinas de renda velha e branca.
O pó dá o tom de cinza à cena, que reflete o dia cinza que vejo fora da janela.
Lá fora, no jardim, avisto uma flor no canto esquerdo de um tom de rosa brilhante.
Que acabou por ofuscar o meu tédio e foi colorindo todo aquele jardim pálido.
Colorindo o céu, a grama, o lampião e até o banquinho de balanço perto do pomar.
O dia “enrolarando-se” foi tomando conta de mim.
Senti aquela leve brisa com fragrâncias de rosas amarelas.
Senti o Sol me trazer a vida, que vagava perdida naquela estrada de terra.
Ouvi o portão branco da frente ranger.
Percebi o caminhar vagaroso e confiante que se seguia.
Pude reconhecer os sapatos em preto e branco percorrendo a estradinha de pedras.
Dos meus dias repetitivos, esse era a estréia.
E o vento trazia-me o mais novo espetáculo da vida: você!
Você que corria pelo jardim em um macacão jeans surrado.
Brincava com a mangueira, a regar as rosas amarelas.
As mesmas que eram levadas pelo vento, espalhando sua leve fragrância, embriagando todos os lados, todos os ventos, todos os tempos.
Lembro-me daquele aniversário e, por conseguinte, aqueles chapéus engraçados.
As velas acesas em forma de círculo, cujo raio valia 2,5cm.
A roda de amigos passando de mão em mão a verdade.
Compartilhando experiências de mundo, de tudo, do eu.
Sorrisos, tristes histórias lembrando os amores mal vividos.
O tempo e o cupido, que arrebatam a gente sem nem pedirmos a toalha vermelha da paixão.
Naquela noite lavamos a louça na nossa cozinha amarela, de cortinas xadrez, que ficava ao lado do pomar.
Você me amou naquela cozinha e acordamos em meio às torradas do café.
O leite fresco fervido pra deleite, a rosa vermelha que servia de enfeite.
Artificial como nosso tempo, que acelera cada passo, cada “traço” de vida corrente.
Que empurra pra frente à vida madura que merece a criatura, num mundo colorido e cheio de magia.
A nuvem macia demais aperta o quadrante do vento e assola o tempo.
O grande campeão da pressa e da imperfeição.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Preço das Coisas

Sentada de frente do mar eu estava
De costas para o que era pequeno, o que era menor
Que a imensidão azul que me governa
Formações nebulosas acinzentadas dançavam no céu
E o vento majestoso me atingiu como um tapa
Levando meus cabelos a correr pro lado esquerdo

Logo as nuvens nebulosas brindavam suas taças
E a chuva que caía era a sobra que caía do céu
Meu corpo ainda quente impactou em recebê-la
E meus olhos, que sempre foram cúmplices do céu
Derramaram também a sobra que havia em mim
A sobra de julgamento, a sobra de rancor

Minhas mãos batiam consecutivamente a areia
Como se pudessem sová-la como um pão
O preço das lembranças ruins aportou em mim
Tudo o que minha caixinha vermelha guardava
Espalhara-se com violência na beira mar
E agora, como poderia eu conter minha fúria?

Foi quando senti ao longe, na diagonal direita do meu corpo
Passos macios na areia, pegadas fortes e decididas
Em um balançar de braços ritmados ao longo do corpo
Olhos que vinham fixando a minha imagem
E quando chegou bem perto
Apertou meus ombros com as mãos fortes

Senti seu corpo tocando o meu
Ele se sobrepôs como num encaixe mágico
Enlaçou seus braços a minha volta
E um grande clarão brilhou em frente ao mar
Aquele oceano de sentimentos explodiu aos meus olhos
E ao girar meu corpo entendi...era você o preço das coisas.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Minha morada


Queria saber se nos jardins daquele grande palácio mora a verdade
Vejo árvores frondosas, cobertas dos melhores frutos
Seriam eles a cobiça pelo inatingível ou a verdade que saciaria minha fome?
Percorro assustada este labirinto retilíneo e continuo com medo de me perder
Ou cruzar-me comigo mesma em uma das muitas similaridades
Pareço flutuar como uma insana alada
A bater arduamente suas asas ao encontro da verdade que ela mesma teceu
Seria esse palácio minha morada? Seria esse meu lar eterno?Reconheço sua terra, sua grama e até o intenso Sol a brilhar aos meus olhos
Mas ainda não sei sua dimensão
Ainda não sei como enquadrá-lo na minha realidade
Seria esse um sonho?
Uma manifestação pura de Deus ou de mim mesma?
Olho para os olhos do brilhante Sol e o saúdo
Peço, com a profundidade do meu Eu que ele seja verdadeiro.
Você é?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008


" Nasce uma nobre guerreira da luz. Suas mãos foram feitas com tamanha delicadeza. Beleza rara que expressa os sentimentos que emanam de seu coração através dos mais belos e sinceros textos. Suavidade em seus gestos, a jovem guerreira dança com o universo. Manifestando sua enorme luz através do olhar da alma encanta por onde passa, está presente e vive os momentos com intensa sabedoria e simplicidade. Sorri pois sabe que os seus sonhos tornam-se realidade e em seu choro de alegria escorrem as lágrimas da sabedoria e da verdade. Suas asas acolhem e alçam vôos inimagináveis, atinge várias realidades e de lá contempla o universo em movimento e a todo momento emana bons pensamentos. Encontra as estrelas e de lá entende, era uma pequena estrela e de tanto amor que possuía pelos filhos da mãe Terra, toma a forma de uma bela e jovem guerreira chamada Thais. "
Essa é uma linda homenagem recebida do meu gêmeo em Luz, Lelo. Que estas palavras possam embalar meu coração como a sua música embalou os meus ouvidos.